Sua família precisa de um plano de comunicação para desastres
As comunicações ficam difíceis ou impossíveis durante desastres – combine antes com sua família os planos de contatos, encontros e fuga.
Depois que um evento de desastre ou calamidade já está em andamento, pode ser tarde demais para coordenar informações. A família pode estar separada, com uma parte em casa e outra espalhada pelo trabalho e escola, isolada por engarrafamentos, por estradas inundadas, pontes caídas, etc.
Não há como evitar grande stress nessa situação, mas o efeito é bastante pior quando não dá para ter contato e saber se todos estão bem. Dependendo do grau da tempestade, se houver grande destruição da infra-estrutura e necessidade de partes da família se deslocarem para abrigos isoladamente, podem passar dias até que o contato entre os familiares seja reestabelecido - algo que no tempo de nossos avós era usual, mas que gera pânico a uma geração acostumada a contato permanente e instantâneo.
Em uma situação de emergência que tenha início quando os membros da família não estão juntos, é importante que todos saibam que a prioridade é cuidar da sua segurança, pois há um plano para garantir seu contato posterior - exceto quando há na família uma pessoa incapaz de prover seu próprio cuidado (uma criança, uma pessoa doente, etc.), caso em que deve ser claro para todos quem é o responsável por acudi-la.
Basta que um celular molhe ou que uma bateria acabe, e aquele SMS tão importante jamais será lido.
É importante ter um plano de comunicação estabelecido com a família, e que não dependa de todos manterem acesso a seus celulares e à Internet.
Uma tática simples (desde que combinada a tempo com todos os envolvidos) é definir 3 pontos de contato e 1 ponto de encontro.
Todos os familiares precisam decorar o telefone dos 3 contatos (a agenda do celular pode estar indisponível...) e os 3 contatos devem ser escolhidos assim:
- 1 amigo ou parente morador da mesma região, cuja casa seja acessível a pé, e ao qual todos procurarão avisar onde estão e como podem ser encontrados, ao evacuar a casa ou ao visitá-la e perceber que não está acessível ou não há ninguém nela;
- 1 amigo ou parente morador da mesma cidade, ao qual todos também tentarão telefonar, assim que possível, para avisar quando estiverem abrigados fora de casa ou não conseguirem acesso a ela, explicando como podem ser encontrados;
- 1 amigo ou parente morador de uma cidade distante o suficiente para não ser atingido pelas mesmas condições climáticas que as da sua cidade, que servirá como estepe caso os outros 2 também sejam atingidos pelo mesmo problema (por exemplo, ficando sem telefone ou inacessíveis).
É importante combinar de antemão esses contatos, para evitar desencontros e porque as comunicações durante e após situações de desastre ambiental ficam difíceis, escassas e pouco confiáveis, razão pela qual pode ser difícil executar algum procedimento do tipo "ligar para todos os familiares, amigos e locais de trabalho, e visitar todos os vizinhos".
Esses são os mesmos contatos que devem constar naquelas etiquetas do tipo "Em caso de emergência, avisar...".
Crianças pequenas precisam saber desde cedo recitar o nome e número de telefone de algum responsável, bem como seu nome completo, permitindo assim o registro, a identificação e a comunicação em caso de separação acidental. Animais de estimação também se beneficiam de uma coleira firme com medalha de identificação que traga um telefone de contato.
Complementando, a comunicação por celular (voz, SMS e dados) costuma operar bem até mesmo quando a eletricidade já foi cortada, mas em emergências logo fica sobrecarregada, e sai do ar quando acabam as baterias que alimentam os equipamentos da operadora.
Portanto, se você vai tentar se comunicar pelo celular, faça-o o quanto antes e combine um meio alternativo de contato, pois ele fica indisponível subitamente, de forma desigual entre as regiões, e pode demorar bastante para voltar.
Já o ponto de encontro é uma questão mais simples: deve ser um local razoavelmente abrigado e seguro (inclusive quanto a inundações e deslizamentos), próximo, acessível e público (como a bilheteria de um terminal de ônibus, ou o estacionamento principal de um supermercado), no qual os familiares se esforçarão para comparecer, em horários previamente combinados (2 vezes por dia nos primeiros 2 dias, 1 vez por dia a partir daí) para poder se encontrar caso tenham se abrigado em locais diferentes e perdido o contato.
Além disso, sempre que possível, ao abandonar a casa da família ou o local de trabalho, é importante deixar pregado à porta (ou onde for possível, desde que visível) um bilhete dizendo quando isso ocorreu, para onde você foi, e como pode ser encontrado.
Como complemento ao plano de comunicações, a identificação de roteiros de fuga - a pé ou de carro - e de planos de retorno do local de trabalho ou da escola para casa são boas ideias e evitam a dúvida sobre se é melhor aguardar ser buscado, ou se colocar em movimento o quanto antes, mesmo que seja impossível se comunicar.
Todas estas informações (pontos de contato, pontos de encontro e planos de fuga) idealmente devem ser impressos em cartões, plastificados e levados na carteira de todos os familiares, juntamente com os tipos sanguíneos, informações de alergias e medicamentos, e o telefone da Defesa Civil (199), das ambulâncias do SAMU (192), e dos Bombeiros (193).
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